segunda-feira, 29 de novembro de 2010

LENTES E Objetivas


As lentes das máquinas fotográficas são peças de vidro com  curvatura numa ou em ambas as faces, cuidadosamente talhadas, que desviam os raios luminosos, a fim de produzirem imagens nítidas na película. Controla-se a nitidez da imagem fazendo aproximar ou afastando a lente da película.
   Nas máquinas fotográficas quase nunca se utiliza apenas uma lente , mas sim várias  que formam um conjunto a que se dá o nome de “objetiva”.
   Existem muitas variedades de objetivas. As principais são a “normal, a “grande angular” e a “teleobjetiva”. A imagem dada por uma objetiva normal, que se encontra nas máquinas mais simples, cobre aquilo que conseguimos ver quando olhamos em frente. A grande angular cobre um panorama mais alargado. A teleobjetiva funciona como um telescópio, fazendo com que os objetos pareçam mais próximos de nós e maiores.
   Também existem objetivas especiais como a “olho de peixe" que nos dá uma imagem muito ampla e arredondada ou a objetiva “zoom” que é composta por muitas  lentes e que nos possibilita aproximar uma imagem distante que queremos fotografar. No caso de querermos fotografar objectos muito pequenos utilizamos objectivas macro.
   As objectivas macro são as que conseguem ter especiais relações de aumento, normalmente por conseguirem aproximar-se do objecto. Para uma proporção de 1:1 (tamanho real do motivo igual ao tamanho registado no sensor) é necessário conseguir, normalmente, uma distância mínima de focagem de +- 5 cm de distância ao motivo para uma objectiva de 50 mm.


Objectiva Normal
Objectiva Grande angular
Teleobjectiva
Objectiva macro

Objectiva olho de peixe

Objectiva zoom

A MÁQUINA FOTOGRÁFICA ANALÓGICA

Em muitos aspetos, uma máquina fotográfica assemelha-se ao olho humano. Ambos possuem uma lente que recolhe os raios luminosos de uma cena real, formando uma imagem nítida. Ambos controlam a quantidade de luz que entra no seu interior para formar a imagem. A principal diferença reside no facto de o olho passar a imagem para o cérebro e a máquina fotográfica analógica registar a imagem numa película. No cérebro, a imagem não é sempre percebida exatamente como ela aparece. O cérebro é capaz de juntar outras informações às que os olhos transmitem, enquanto a máquina se limita a registar a imagem com fidelidade. Existe uma outra diferença, o olho é sensível apenas à luz visível, enquanto algumas máquinas são capazes de registar tipos de “luz” invisíveis para nós, como a de infravermelhos e a ultravioleta.
Artigos relacionados neste blogue: 
 Introdução à Fotografia
Progresso da ótica
Primeiras imagens
A Fotoquímica
A Arte da Fotografia

Comparação entre o funcionamento do olho e da máquina fotográfica

sábado, 27 de novembro de 2010

A FOTOGRAFIA COMO ARTE


   No início do século XX, tomou-se consciência de que a fotografia alcançara já uma autonomia e estética própria que conduziu a um novo e importante relacionamento com a pintura. Os fotógrafos e os pintores descobriram então em conjunto as possibilidades ilimitadas de produzir arte com esta nova “ferramenta”, cujos avanços tecnológicos constantes lhes proporcionavam novas e inesperadas formas de o fazer.
"Lágrimas" - Man Ray

   Embora as duas formas de expressão visual coexistissem já, as suas evoluções artísticas permaneceram independentes embora de forma paralela. O medo do contacto entre elas era ainda grande, faltava ainda reconhecer a fotografia como arte e eliminar as fronteiras entre esta e as artes criativas.
   Com o passar do tempo, a fotografia conseguiu aceitação e os “fotógrafos artistas” conseguiram impor-se com as suas pequenas imagens a preto e branco. Diversos estilos surgiram e a fotografia tornou-se uma componente significativa da nossa cultura.
   Antes da primeira Guerra Mundial os artistas questionavam a arte moderna e procuravam novas ideias e formas de expressão o que incluiu a fotografia. Alguns pintores, como os vanguardistas russos Alexander Rodchenko e El Lissitzky, o dadaísta e surrealista americano Man Ray ou o construtivista húngaro Lászlo Moholy-Nagy, foram pioneiros na utilização da fotografia como expressão artística, tendo sido alguns deles, como Man Ray, mais conhecidos como fotógrafos do que como pintores. Mas estes eram ainda exemplos de exceção.


Alexander Rodchenko
"A fotografia altera as formas de observar e de pensar: as fotografias valem como verdadeiras e os quadros como artificiais. Com o aparecimento da fotografia não se podia continuar a acreditar na imagem pintada, a sua representação já não se movia, porque não era autêntica, antes inventada."

   É no início dos anos sessenta que a fotografia se torna parte integrante das atividades criativas de alguns artistas. O mundo urbano, os media e a publicidade são temas explorados por Andy Warhol e Robert Rauschemberg através da fotografia que se torna uma expansão da sua arte. As obras destes artistas são por vezes “fotografias pintadas”, deixa de haver separação entre uma arte e outra, fazendo ambas em simultânea parte da mesma obra.   Alguns artistas, como o alemão Gerhard Richter nascido em Dresden, utilizam a fotografia como filtro da realidade e como realidade pictórica independente. Nalgumas obras ele reproduz fielmente a fotografia pintando-a na tela.


Gerhard Richter - Grupo, 1965 (Pintura)
   Os fotógrafos sentiam-se cada vez mais atraídos pelo mundo da publicidade, da moda e das coisas mundanas, como os exemplos de Horst P. Horst e Richard Avedon.


Horst P Horst
 Horst P Horst - “Mainbocher Corset” 

   Esta expressão artística atingiu por fim o direito a estar num museu. Para além das artes visuais tradicionais da pintura, escultura, desenho e design, havia agora a “fotografia”.
Robert Rauschemberg

A ARTE DA FOTOGRAFIA

    A fotografia foi uma invenção do século XIX que alterou bastante – tal como outras inovações técnicas dessa época – a perceção e a experiência que a humanidade tinha do mundo.
   A reprodução da realidade e a imobilização temporal duma cena ou objeto através da imaterialidade da luz, parecia milagre, em especial no início quando as primeiras imagens fotográficas foram divulgadas. Esta descoberta foi o culminar dum desejo antigo do ser humano, o de criar um mundo imaginário tão aproximado quanto possível da própria realidade. Esta imagem similar à realidade, registada em papel através da luz e processos químicos, era criada dentro duma caixa, a “câmara fotográfica”. As fotografias resultantes eram o registo de situações espacio-temporais, memórias que constituíram um arquivo visual.
   Pela primeira vez, era possível registar o passado através de reproduções exatas da realidade sem ser apenas por palavras escritas, gravuras ou imagens pintadas ou desenhadas. Com a imagem fotográfica iniciou-se assim uma época de recordação coletiva.

   A capacidade extraordinária da imagem fotográfica poder captar com realismo e veracidade as cenas quotidianas, vai pôr em causa e desafiar a interpretação criativa das imagens pintadas.
A primeira fotografia- Niépce-1826

   A “pintura”, resultado de um processo criativo longo, podia agora ser substituída por um processo ótico, mecânico e químico muito mais rápido, “instantâneo”. No início a fotografia não constituía uma ameaça direta à pintura porque o seu formato (tamanho) era limitado pelo que podia ser captado na objetiva da câmara fotográfica, as imagens eram a preto e branco e dependiam de condições favoráveis de iluminação. Para além disso, mesmo os pintores que viam nela um “perigo” para a sua arte, ficaram fascinados por este invento e pelo enorme potencial que representava.
   Esta invenção foi o nascimento de uma nova linguagem que devia tornar possível uma nova forma de Comunicação Visual. Sabemos hoje que esta linguagem nova não tem limites. A sua facilidade de reprodução e disseminação criou uma realidade que se tornou parte da cultura moderna que dificilmente poderia hoje prescindir da sua contribuição no desenvolvimento artístico, cultural, científico e tecnológico.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A FOTOQUÍMICA

Johann Heinrich Schulze
   A primeira pessoa que observou que a luz desfazia os sais de prata, foi Johann Heinrich Schulze, professor de física na Universidade de Halle na Alemanha.
   Schulze, considerado o “pai” da fotoquímica, publicou os seus trabalhos em 1727, mas esta antecipação não encontrou continuadores imediatos.
    Só em 1800 o naturalista britânico Thomas Wedgwood conhecedor dos trabalhos e pesquisas de Schulze, utilizou sais de prata para obter reproduções das folhas de certas plantas.
    O processo era simples. Wedgwood punha folhas, asas de insetos ou o que desejava reproduzir, sobre uma superfície de papel ou couro, humedecida com nitrato de prata. Depois expunha-o ao Sol, utilizava uma solução amoniacal para fixálo e lavava-o com uma solução salina, resultando um autêntico negativo.


Thomas Wedgwood

    Este naturalista (avô de Charles Darwin), esteve quase a ser o descobridor da fotografia, porque lhe ocorreu associar o princípio da câmara escura para melhor graduar a luz. Falhadas as primeiras experiências, Wedgwood abandonou as provas quando estava quase a atingir os seus objetivos.
    Em 1802 na Royal Society, Humphry, químico inglês, fez uma comunicação sobre a descrição de um método para copiar pinturas sobre cristal e fazer perfis por meio da luz sobre o nitrato de prata, na qual resumia os trabalhos e pesquisas de Wedgwood.
    Estas imagens eram no entanto instáveis, não sabia fixá-las e tinham por isso que ser conservadas na escuridão, exibindo-as apenas à luz de uma vela.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PRIMEIRAS IMAGENS

    É no séc. XVII que a câmara escura adquire as características de “recetáculo de imagens”.
   Giovanni Battista della Porta aplicou uma lente polida, que alargava a imagem e Johann Zahn, em 1685, criou uma câmara portátil na qual dispôs um espelho formando um ângulo de 45º com a lente.




Câmara escura de Johann Zahn
     No teto da caixa colocou um vidro mate tapado com um papel, o qual lhe permitiu delinear as imagens refletidas com a ajuda de um lápis e obter desenhos exatos do original. Por seu lado, o astrónomo Kepler adotou a câmara escura para as suas observações solares.
    Praticamente, no séc. XVII, a câmara – na aceção fotográfica que teria mais tarde – estava inventada.
    Construíram-se câmaras do tamanho de uma caixa e da forma de uma tenda de campanha. O seu uso era múltiplo e era utilizado por alguns artistas na resolução de problemas de perspetiva aquando da execução de paisagens.
    Em 1761, o holandês Athanasius Kircher construiu a chamada “lanterna mágica”, onde pela primeira vez se entrou no universo das imagens reproduzidas, três séculos mais tarde com a introdução de imagens dinâmicas e sonoras deu-se início ao cinema.

O PROGRESSO DA ÓTICA

    No séc. XVI Giordano Cardano falava já de uma lente convexa que colocara na janela de um quarto escuro e graças à qual conseguiu imagens claras.
    Um facto que veio acelerar as investigações da ótica foi sem dúvida o aperfeiçoamento da fabricação do vidro. No século XIII, fundaram-se as célebres fábricas de vidro de Murano (Veneza). A perfeição das técnicas dos artesãos venezianos alcançou graus elevadíssimos. Em breve os segredos de fabricação foram divulgados e na Boémia, na Baviera e noutros pontos da Europa obteve-se um vidro incolor de grande pureza. A importância que este facto teve foi incalculável. A ótica pôde, pois, ampliar prodigiosamente o campo das suas investigações, que culminaram em 1590 com a invenção por Jansen do microscópio e pouco depois a invenção do telescópio por Lipersheim.
    Através da visão ótica, o homem acostumou-se a observar o mundo. Através do vidro, alguns dos mistérios da Natureza foram desvendados.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

INTRODUÇÃO À FOTOGRAFIA

  Os primeiros passos de um invento prodigioso

       Niepce, Daguerre, Talbot, Chevalier e Bayard são considerados os pioneiros da fotografia.
   Desde a descoberta da fotografia, os mais importantes acontecimentos da História ficaram impressos para a posteridade. Depois apareceram novas técnicas fotográficas que permitiram fixar tanto o infinitamente pequeno (microfotografia) como o infinitamente grande como as fotografias do espaço (estrelas, planetas, etc.).
    Um dos primeiros anseios do homem foi sem dúvida a captura da luz. Depois de centenas de anos de tentativas frustradas, surgiram as primeiras caixas destinadas a armazenar os raios luminosos e com eles as primeiras imagens.
    Para conseguir fixar permanentemente essas imagens, foram necessários mil anos de estudos e investigações de duas ciências, a ótica e a química.
    Foi no século X, que o físico e matemático árabe Al-Haitam, conhecido no ocidente por Alhazen, seguindo a pista de um raio de Sol descobriu as primeiras imagens invertidas na obscuridade da sua tenda de campanha. Daí resultaram uma série de estudos sobre o comportamento da luz. A ele se deveu o enunciado dos princípios fundamentais da ótica e da observação dos primeiros eclipses, graças às imagens passadas através dos buracos da sua tenda-observatório, colocada em pleno deserto. É hoje considerado o pai do sistema ótico moderno.

Câmara escura
    Há 2500 anos, o princípio da câmara escura era observado na China por Mo Tzu e mais tarde por Aristóteles que morreu em 322 a.C., pelo erudito árabe Ibn Al-Haitam, o Inglês Roger  Bacon e o hebreu Levi ben Gershon .

    Leonardo da Vinci descreveu a câmara escura. Em 1558, o físico italiano Gianbattista della Porta publicou uma descrição muito clara do fenómeno. Em 1568 o veneziano Daniel Barbaro sugeriu acrescentar uma lente biconvexa à câmara escura para maior definição.




terça-feira, 23 de novembro de 2010

ARTES VISUAIS

  2- Materiais instrumentos e técnicas


Bruce Nauman- "Fonte"- Performance
  No séc. XX as noções de instrumento, material e suporte artístico alargaram-se bastante com a introdução de novas técnicas, descoberta de novos materiais e a integração de novos conceitos na arte. Assim, nos anos 60 o próprio corpo humano passa a ser considerado “material” e “suporte” em simultâneo, como na “Body Art”. Ligados a esta corrente surgem também os “Happenings” e as “Performances”, que são atuações e intervenções artísticas teatrais feitas por vezes pelos próprios artistas/atores.



Yves Klein  “Antropometria do Período Azul” - Performance
  As pesquisas efetuadas pelo anatomista alemão Gunther Von Hagens a partir de 1977 no que respeita à preservação de órgãos e cadáveres humanos conduziram a um novo tipo de obra de arte em que é utilizado o corpo humano. Segundo um método chamado plastinização que evita a degradação dos tecidos orgânicos, os corpos são preparados e posteriormente apresentados como esculturas. As obras deste artista têm sido expostas suscitando uma grande controvérsia por serem utilizados cadáveres humanos reais .


Gunther Von Hagens
              Plastinizações de Gunther Von Hagens
  As paisagens naturais podem também ser utilizadas como suportes para a realização de manifestações artísticas como na “Land Art” .Noutros casos os objetos de uso diário são tirados do seu contexto habitual e considerados objetos artísticos como os “ReadyMade” dos grupos Dada e Surrealista.   Nas “Instalações” os materiais e os suportes passam a estar condicionados à originalidade da ideia artística e expressiva utilizando-se todo o tipo de materiais e objetos.
Marcel Duchamp - "A fonte" (Ready made)

Marcel Duchamp - "Escorredor de garrafas" (Ready made)

                 Land Art - Dennis Oppenheim   -  “Anéis do fim do ano”  1968
       Land Art - Robert Smithson  -  “Espiral”

Bruce Nauman "Days and Giorni’ - (espiral em néon)
 Philadelphia Museum of Art

 Os materiais considerados “clássicos”, como a cerâmica, a madeira, o metal o vidro, etc. foram usados durante séculos (e ainda o são hoje) sem grandes alterações na sua composição. No século XX começaram a utilizar-se processos mais sofisticados que tornam os materiais quase irreconhecíveis. A integração de novas ligas metálicas, a invenção de fibras compostas, a invenção e evolução de materiais, como os polímeros, fibras de vidro, fibras de carbono, vidro acrílico, luzes de néon, etc., transformou as técnicas usadas em todos os setores e até na arte.



ARTES VISUAIS

1- Materiais, instrumentos e técnicas   

Quando se analisa o percurso do homem no mundo, verifica-se que este sempre teve necessidade de exteriorizar os seus pensamentos e sentimentos, comunicando-os através da língua, das imagens desenhadas e pintadas, dos objetos, e mais tarde através da escrita. A evolução dos povos projeta-se pois, através de obras de diversos tipos e objetos, que são marcas culturais materializadas sob diversas formas.
    Perante o fascínio que sentimos pelas obras artísticas, quer seja uma pintura rupestre, uma máscara africana, uma música tradicional, uma sinfonia de Beethoven, um quadro de Picasso ou de Van Gogh etc., interrogamo-nos acerca da estranha capacidade que a obra de arte tem de provocar tal efeito.
    O que acontece é que só o homem possui a capacidade de se admirar e fascinar perante os fenómenos e factos estéticos e exprimir-se e comunicar através da arte.
    Através do tempo e com a própria evolução do homem a arte esteve sempre associada à evolução das técnicas, instrumentos e suportes.
    Nas artes visuais tal como em todas as atividades humanas o primeiro e principal mecanismo é a visão, comandada pelo cérebro e tendo como instrumentos primevos as mãos. Elas fazem os gestos de desenhar, pintar, modelar, esculpir, etc. Os instrumentos artificiais, ou seja fabricados pelo homem, surgem mais tarde como objetos que fazem o prolongamento das mãos, facilitando a expressão das ideias no caso das artes visuais.
    Estes instrumentos fazem o registo das ideias, materializando visualmente o pensamento. Na base deste processo estão também os materiais, aplicados nos suportes segundo métodos e técnicas próprios. Hoje os instrumentos artísticos vão desde o lápis ao computador, passando por uma quantidade de objetos que servem para riscar, pintar, cortar, etc., de acordo com os materiais e suportes utilizados.
    Os materiais que estão associados às artes visuais são muito variados e vão desde os que estão ligados ao domínio bidimensional do desenho e da pintura, como riscadores, tintas, solventes, etc., aos ligados às técnicas de impressão, como chapas metálicas, linóleos, pranchas de madeira e suportes variados – papeis, telas, acrílicos, vidros e outros, assim como os que estão associados ao domínio tridimensional, como o barro, a pedra, o gesso, metais, madeiras, etc.

domingo, 21 de novembro de 2010

Suporte e registo visual - A escrita


   Os primeiros suportes físicos utilizados pelo homem, como as paredes das cavernas, a areia, as placas de argila, ossos ou blocos de pedra eram utilizados essencialmente em informações pictográficas ou quantitativas ou em imagens de caráter ritual e mágicas. A cultura era oral e a memória com as suas limitações era o principal suporte.


Gravura rupestre, Foz-Côa

   Quando os sumérios começaram a escrever a sua escrita cuneiforme em placas de argila, cerca de quatro mil anos antes de Cristo, os seus carateres serviam para fazer registos de contabilidade e não para registos literários.



  O papiro inventado no Egipto foi uma revolução. A sua mobilidade e capacidade de armazenamento era muito superior aos suportes anteriores, até mesmo ao pergaminho. O papiro permitia o registo de informações que antes apenas eram divulgadas pela tradição oral. Relatos históricos, textos literários e filosóficos podiam agora estar ao alcance de um maior número de pessoas, o que aumentou também a aprendizagem da escrita e da leitura. A própria escrita no Egipto transforma-se assistindo-se à transição da escrita hieroglífica para a cursiva.
Papiro egípcio- museu do Louvre

Materiais e utensílios para fabrico de folhas de papiro
Escrita hieroglífica parietal


    Os romanos escreviam em placas de pedra e também em tábuas revestidas com cera e gravadas com um stilo de osso, era no entanto um trabalho muito demorado.


Tabuleta romana e stilo
Escrita romana em pedra
    Na China no ano 105 o chinês Tsaï - Lun inventou o papel observando as vespas a construir os ninhos. Triturou bocados de bambu e amoreira obtendo uma pasta líquida que era colocada em moldes e depois posta a secar.
Fases de fabrico de papel na China
Fabrico de papel
    Durante a Idade Média, numa sociedade ainda basicamente oral, a reprodução de textos ocorria dentro dos mosteiros, utilizando como suporte o pergaminho e mais tarde folhas de papel feitas de trapos e linho, técnica aperfeiçoada pelos árabes (a partir da técnica chinesa) e trazida pelos cruzados para a Europa. Um livro custava tanto como uma propriedade rural e ficava acorrentado às estantes, sob a guarda da Igreja.
   O pergaminho era uma pele de animal, geralmente de, carneiro, cordeiro ou ovelha , preparada para nela se escrever. Designa ainda o documento escrito nesse meio. O seu nome lembra o da cidade grega de Pérgamo, na Ásia Menor, onde se acredita possa ter se originado ou distribuído.


Preparação do pergaminho

   Quando feitos de peles delicadas de bezerros ou cordeiros, eram chamados de velino. Estas peles davam um material de escrita fino, macio e claro, usado para documentos e obras importantes.
   Esse importante suporte da escrita também foi largamente utilizado na antiguidade ocidental, em especial na Idade Média , até a descoberta e consequente difusão do papel, uma invenção dos chineses.
Monge copista
   Nos mosteiros cristãos eram mantidas bibliotecas de pergaminhos, onde monges  letrados no período, se dedicavam à cópia de manuscritos antigos, devendo-se a essa atividade monástica a sobrevivência e divulgação dos textos clássicos da cultura grega e latina no Ocidente, principalmente na época do Império Bizantino.
Pergaminho Vindel do séc.XII, com as
 cantigas de amigo de Martim Codax
Iluminura


Iluminura- A pomba do Espírito Santo
    A legibilidade da escrita gótica era mínima. Não existiam convenções de pontuação ou parágrafos e a leitura era lenta e penosa. Nobres e servos eram igualmente analfabetos. O único ensino existente era dominado pela Igreja. Com o aparecimento das universidades, no final da Idade Média, os pergaminhos e códices têm um novo público: o académico.


"Image du monde" - Primeira enciclopédia francesa
escrita em língua vernácula de Goussuin de Metz
   A invenção da tipografia proporciona a redução dos custos e a aceleração da produção de livros. Divulgaram-se os textos clássicos e outros como trabalhos científicos (Copérnico e Galileu), mapas, novelas de cavalaria, textos religiosos, etc. para satisfação de um público leitor crescente entre a burguesia. Esta difusão crescente de informações cria caminho para uma explosão de conhecimentos a que se chamou “Iluminismo” no séc.XVIII preparando o caminho para a Revolução Industrial.


A prensa de Gutemberg
    O processo de impressão, permitiu a reprodução em massa de livros, substituindo com vantagem os manuscritos. No entanto, o livro impresso não anulou a arte da caligrafia ou as tradições religiosas associadas à pintura e ao desenho como tipos de narrativa, nem a popularidade das narrativas orais, mas expandiu-as e complementou-as.