domingo, 21 de novembro de 2010

Suporte e registo visual - A escrita


   Os primeiros suportes físicos utilizados pelo homem, como as paredes das cavernas, a areia, as placas de argila, ossos ou blocos de pedra eram utilizados essencialmente em informações pictográficas ou quantitativas ou em imagens de caráter ritual e mágicas. A cultura era oral e a memória com as suas limitações era o principal suporte.


Gravura rupestre, Foz-Côa

   Quando os sumérios começaram a escrever a sua escrita cuneiforme em placas de argila, cerca de quatro mil anos antes de Cristo, os seus carateres serviam para fazer registos de contabilidade e não para registos literários.



  O papiro inventado no Egipto foi uma revolução. A sua mobilidade e capacidade de armazenamento era muito superior aos suportes anteriores, até mesmo ao pergaminho. O papiro permitia o registo de informações que antes apenas eram divulgadas pela tradição oral. Relatos históricos, textos literários e filosóficos podiam agora estar ao alcance de um maior número de pessoas, o que aumentou também a aprendizagem da escrita e da leitura. A própria escrita no Egipto transforma-se assistindo-se à transição da escrita hieroglífica para a cursiva.
Papiro egípcio- museu do Louvre

Materiais e utensílios para fabrico de folhas de papiro
Escrita hieroglífica parietal


    Os romanos escreviam em placas de pedra e também em tábuas revestidas com cera e gravadas com um stilo de osso, era no entanto um trabalho muito demorado.


Tabuleta romana e stilo
Escrita romana em pedra
    Na China no ano 105 o chinês Tsaï - Lun inventou o papel observando as vespas a construir os ninhos. Triturou bocados de bambu e amoreira obtendo uma pasta líquida que era colocada em moldes e depois posta a secar.
Fases de fabrico de papel na China
Fabrico de papel
    Durante a Idade Média, numa sociedade ainda basicamente oral, a reprodução de textos ocorria dentro dos mosteiros, utilizando como suporte o pergaminho e mais tarde folhas de papel feitas de trapos e linho, técnica aperfeiçoada pelos árabes (a partir da técnica chinesa) e trazida pelos cruzados para a Europa. Um livro custava tanto como uma propriedade rural e ficava acorrentado às estantes, sob a guarda da Igreja.
   O pergaminho era uma pele de animal, geralmente de, carneiro, cordeiro ou ovelha , preparada para nela se escrever. Designa ainda o documento escrito nesse meio. O seu nome lembra o da cidade grega de Pérgamo, na Ásia Menor, onde se acredita possa ter se originado ou distribuído.


Preparação do pergaminho

   Quando feitos de peles delicadas de bezerros ou cordeiros, eram chamados de velino. Estas peles davam um material de escrita fino, macio e claro, usado para documentos e obras importantes.
   Esse importante suporte da escrita também foi largamente utilizado na antiguidade ocidental, em especial na Idade Média , até a descoberta e consequente difusão do papel, uma invenção dos chineses.
Monge copista
   Nos mosteiros cristãos eram mantidas bibliotecas de pergaminhos, onde monges  letrados no período, se dedicavam à cópia de manuscritos antigos, devendo-se a essa atividade monástica a sobrevivência e divulgação dos textos clássicos da cultura grega e latina no Ocidente, principalmente na época do Império Bizantino.
Pergaminho Vindel do séc.XII, com as
 cantigas de amigo de Martim Codax
Iluminura


Iluminura- A pomba do Espírito Santo
    A legibilidade da escrita gótica era mínima. Não existiam convenções de pontuação ou parágrafos e a leitura era lenta e penosa. Nobres e servos eram igualmente analfabetos. O único ensino existente era dominado pela Igreja. Com o aparecimento das universidades, no final da Idade Média, os pergaminhos e códices têm um novo público: o académico.


"Image du monde" - Primeira enciclopédia francesa
escrita em língua vernácula de Goussuin de Metz
   A invenção da tipografia proporciona a redução dos custos e a aceleração da produção de livros. Divulgaram-se os textos clássicos e outros como trabalhos científicos (Copérnico e Galileu), mapas, novelas de cavalaria, textos religiosos, etc. para satisfação de um público leitor crescente entre a burguesia. Esta difusão crescente de informações cria caminho para uma explosão de conhecimentos a que se chamou “Iluminismo” no séc.XVIII preparando o caminho para a Revolução Industrial.


A prensa de Gutemberg
    O processo de impressão, permitiu a reprodução em massa de livros, substituindo com vantagem os manuscritos. No entanto, o livro impresso não anulou a arte da caligrafia ou as tradições religiosas associadas à pintura e ao desenho como tipos de narrativa, nem a popularidade das narrativas orais, mas expandiu-as e complementou-as.


   

1 comentário:

  1. No momento estou fazendo uma pesquisa sobre o " Livro" na pré-história e seu texto foi de grande ajuda.

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